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Foto do escritorAlexandra Luz

Ai a minha barriga! A história de uma gastrenterite não desejada...


A gastroenterite é uma situação chata, mas habitualmente no caso das crianças é causada por vírus, o que significa que geralmente é autolimitada, passando quando o vírus se decide ir embora, o que é muito variável, em algumas crianças pode ser apenas o período de um ou dois dias, e noutras a diarreia pode manter-se até 7 dias, sem isso ser considerado fora do habitual. E muitas vezes, como é de fácil contágio, encontramos várias pessoas (em casa, nas creches ou escolas) que estão com os mesmos sintomas.

Às vezes numa fase inicial aparecem apenas os vómitos, pode ou não aparecer febre, e depois surge então a dor de barriga, e a diarreia. Outras vezes é só diarreia, e as crianças não vomitam, e não têm febre.

No caso de haver vómitos, e para tentar evitar a desidratação, uma das melhores opções é tentar dar os líquidos (se possível deve ser usada uma solução de rehidratação oral, facilmente adquirida na farmácia ou parafarmácia) em pequenas quantidades, e várias vezes ao longo do dia. Às vezes temos mesmo de dar uma colherzinha de cada vez, cada 3-5 minutos – é preferível beber menos e mais vezes e ficar lá qualquer coisa, do que beber muito e depois sair tudo num simples vómito. Quando mesmo assim a criança vomita persistentemente, mesmo as pequenas quantidades que damos, aí o risco de desidratar é maior e deve ser avaliada pelo seu médico assistente. À medida que a criança vai conseguindo ir bebendo sem vomitar, podemos ir tentando dar quantidades maiores, mas sem forçar. E da mesma maneira não devemos forçar a alimentação, quando as crianças estão assim é mais importante oferecer os líquidos, e deixá-las comer de acordo com o apetite delas, sem insistir, e mantendo a regra de que menos quantidade e mais vezes é melhor. Às vezes as crianças não gostam do sabor dos soros de rehidratação, e se esse for o caso, então não vale a pena insistir, dá-se o líquido que elas gostarem (água, chá, leite… não há problema de dar leite nestas situações, como frequentemente se ouve dizer).

Se surgir febre, tentamos dar o paracetamol (medicamento para a febre) como fazemos numa situação habitual de febre, a questão é que por vezes quando estão a vomitar temos de optar por dar em supositório, e quando estão com diarreia temos que dar na formulação de xarope.

Relativamente à diarreia, se a criança estiver a beber bem, habitualmente o risco de desidratar é pequeno (tirando nos bebés muito pequenos, em que uma diarreia às vezes é tão grande que podem desidratar com mais facilidade). Deve tentar sempre oferecer-se o soro de rehidratação, porque é muito mais adequado para “restabelecer” tudo o que estão a perder pela diarreia, mas caso não gostem, tal como eu já disse, oferecemos o que eles gostarem, o importante é beber. Para tentar diminuir o número de dias que eles têm diarreia, podemos também tentar dar um probiótico, o que poderá contribuir para diminuir o número de dias que a criança tem diarreia. São sempre bons sinais quando uma criança, mesmo com uma gastroenterite, continua a fazer bem chichi, e está razoavelmente bem disposta.

Devemos preocupar-nos quando efetivamente não conseguimos controlar os vómitos, quando a criança está prostrada/muito pouco ativa, quando não conseguimos controlar a febre, quando a criança não está a fazer chichi com a frequência habitual, ou se realmente os pais têm a sensação de doença grave, nunca devemos desvalorizar a opinião dos pais! Em caso de dúvida, a criança deve ser avaliada pelo seu médico assistente.

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